Embora Michel Giacometti seja mais conhecido por seu trabalho "Povo que canta", o projeto que ele coordenou do serviço cívico estudantil foi uma fonte de inspiração para começar a trabalhar em 1995 em alguns projetos de pesquisa e dinamização da comunidade usando a ferramenta histórias orais.
No auge da efervescência desencadeada pela Revolução dos Cravos (o Revolução de 25 de Abril), 124 adolescentes, de ambos os sexos, passam o Verão de 1975 dedicados a uma acção concertada de recolha de cultura popular, em resposta a um apelo de Michel Giacometti. Foram ministradas as noções básicas de trabalho de campo num curso intensivo de 8 dias, e depois, equipas de quatro estudantes pesquisaram 90 localidades em três meses, três localidades por equipa.
"O Serviço Cívico Estudantil foi possibilitado através do Decreto-Lei N.º 270/75 de 30 de maio. O programa pretendia assegurar aos estudantes uma melhor “integração na sociedade portuguesa e um mais amplo contacto com os seus problemas”. Com duração de um ano e em articulação com as Campanhas de Dinamização Cultural, sob tutela da Comissão Dinamizadora Central (CODICE) da 5ª Divisão, o programa contribuiu para, por exemplo, ensinar algumas camadas de população a ler e a escrever, levar água potável e assistência médica a localidades remotas, traçar troços de estradas" (retirado da web https://media.rtp.pt/memoriasdarevolucao/acontecimento/servico-civico-estudantil/).
"Quando, a 30 de maio de 1975, foi finalmente publicado o decreto-lei que criava o Serviço Cívico Estudantil, Fernando Negreira estava a acabar o 7º ano no Liceu Gil Vicente, em Lisboa. Queria entrar em Engenharia, mas os caminhos da Revolução levá-lo-iam à «universidade da vida»: quem quisesse ingressar na faculdade devia prestar voluntariamente, durante um curto período de tempo, aquilo a que hoje se chamaria serviço à comunidade.
A ideia do Serviço Cívico Estudantil germinara em outubro de 1974, mês em que o capitão Ramiro Correia e o diretor-geral de Cultura e Espetáculos apresentaram em conferência de imprensa as linhas de orientação das Campanhas de Dinamização Cultural e Ação Cívica do MFA, tuteladas pela Comissão Dinamizadora Central (CODICE) da 5ª Divisão do Estado-Maior General das Forças Armadas. O espírito que presidia às duas iniciativas — tal como o que norteou outros projetos, nomeadamente o SAAL — era semelhante.
«Pretendia-se não só conhecer a ‘verdadeira vida do povo’, diagnosticando a sua situação, como também agir e contribuir para a sua ação na construção de uma nova sociedade que vencesse a questão da desigualdade social», escreve a socióloga e professora do ISCTE Luísa Tiago de Oliveira, na tese de doutoramento Estudantes e o Povo na Revolução — O Serviço Cívico Estudantil (Celta Editores). É sua a expressão ‘ida ao povo’ (...) Cabia ao Ministério da Educação e Cultura a responsabilidade do Serviço Cívico, no qual se inscreveriam em 1975, na contabilidade de Luísa Tiago de Oliveira, 11 814 alunos. Os estudantes seriam colocados segundo a sua lista de preferências — e Fernando foi parar à sua segunda opção, a campanha de alfabetização. «A minha primeira escolha tinham sido as Brigadas Giacometti.»" (retirado da web http://citizengrave.blogspot.com/2012/12/a-ida-ao-povo.html).
Este é um documentário da jornalista Sofia Leite que descreve o Serviço Cívico Estudantil e o Plano Trabalho e Cultura. Um documentário muito valioso, um documentário muito valioso, onde algumas pessoas que participaram do projeto se encontram quarenta anos depois.
"Promovendo o reencontro, mais de 40 anos depois, de alguns dos brigadistas e dos moradores das aldeias que na altura os acolheram, e recorrendo a imagens de arquivo, algumas inéditas, a fotografias e gravações dos Estudantes, a testemunhos diretos dos participantes e dirigentes do Serviço Cívico e de habitantes das aldeias com quem conviveram, e ainda a depoimentos de investigadores, o documentário relembra os confrontos e as vivências que decorreram desta experiência, inovadora em Portugal, decorrida em pleno processo revolucionário".
Imagem: Paulo Alexandre
Edição vídeo: Sérgio Alexandre
Captação de Som: Miguel Cardoso, Henrique d´Assunção, Nuno Esteves
Assistente: Vítor Rodrigues, Écio Martins, José Fernandes
Pós-Produção Áudio: Rui Soares
Legendagem: Fernanda Porto
Arquivo: Ângela Camilo, Fátima Ribeiro
Apoio à Pesquisa: Inês Fonseca
Locução: Maria Alexandra Corvela
https://www.rtp.pt/play/p4622/dos-livros-para-a-enxada
O trabalho de história oral de Luísa Tiago de Oliveira é muito interessante para a complexidade desse projeto de "Brigadas Giacometti". "As ações do Serviço Cívico Estudantil permitiram aos estudantes contactar populações e instituções de alguma forma novas, sobretudo no âmbito social e cultural, possibilitando novos confrontos, descobertas e olhares. Os confrontos culturais exprimiram-se na área da política, dos comportamentos e das identidades de género, da religião, da alimentação, da habitação e da higiene. Porém, enquanto no campo da política, das identidades e comportamentos de género, e até certo ponto da religião, houve uma mudança na forma de equacionar os problemas" (2010, p.144).
(P.D.: Documentário da jornalista Sofia Leite que descreve o Serviço Cívico Estudantil e o Plano Trabalho e Cultura, impulsionado pelo etnomusicólogo Michel Giacometti https://www.rtp.pt/play/p4622/e415781/dos-livros-para-a-enxada).
Os livros da experiência e do processo de criação e organização do Museu do Trabalho podem ser baixados completos nesses links:
Jorge Freitas Branco e Luísa Tiago de Oliveira (1993). A Missão. Lisboa: Etnográfica Press. https://books.openedition.org/etnograficapress/918
Jorge Freitas Branco e Luísa Tiago de Oliveira (1994). A Colecção. Lisboa: Etnográfica Press. https://books.openedition.org/etnograficapress/975
Tiago de Oliveira, Luísa (2010). A história oral em Portugal. Sociologia, Problemas e Práticas, 63, 139-156. http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-65292010000200008
No auge da efervescência desencadeada pela Revolução dos Cravos (o Revolução de 25 de Abril), 124 adolescentes, de ambos os sexos, passam o Verão de 1975 dedicados a uma acção concertada de recolha de cultura popular, em resposta a um apelo de Michel Giacometti. Foram ministradas as noções básicas de trabalho de campo num curso intensivo de 8 dias, e depois, equipas de quatro estudantes pesquisaram 90 localidades em três meses, três localidades por equipa.
"O Serviço Cívico Estudantil foi possibilitado através do Decreto-Lei N.º 270/75 de 30 de maio. O programa pretendia assegurar aos estudantes uma melhor “integração na sociedade portuguesa e um mais amplo contacto com os seus problemas”. Com duração de um ano e em articulação com as Campanhas de Dinamização Cultural, sob tutela da Comissão Dinamizadora Central (CODICE) da 5ª Divisão, o programa contribuiu para, por exemplo, ensinar algumas camadas de população a ler e a escrever, levar água potável e assistência médica a localidades remotas, traçar troços de estradas" (retirado da web https://media.rtp.pt/memoriasdarevolucao/acontecimento/servico-civico-estudantil/).
"Quando, a 30 de maio de 1975, foi finalmente publicado o decreto-lei que criava o Serviço Cívico Estudantil, Fernando Negreira estava a acabar o 7º ano no Liceu Gil Vicente, em Lisboa. Queria entrar em Engenharia, mas os caminhos da Revolução levá-lo-iam à «universidade da vida»: quem quisesse ingressar na faculdade devia prestar voluntariamente, durante um curto período de tempo, aquilo a que hoje se chamaria serviço à comunidade.
A ideia do Serviço Cívico Estudantil germinara em outubro de 1974, mês em que o capitão Ramiro Correia e o diretor-geral de Cultura e Espetáculos apresentaram em conferência de imprensa as linhas de orientação das Campanhas de Dinamização Cultural e Ação Cívica do MFA, tuteladas pela Comissão Dinamizadora Central (CODICE) da 5ª Divisão do Estado-Maior General das Forças Armadas. O espírito que presidia às duas iniciativas — tal como o que norteou outros projetos, nomeadamente o SAAL — era semelhante.
«Pretendia-se não só conhecer a ‘verdadeira vida do povo’, diagnosticando a sua situação, como também agir e contribuir para a sua ação na construção de uma nova sociedade que vencesse a questão da desigualdade social», escreve a socióloga e professora do ISCTE Luísa Tiago de Oliveira, na tese de doutoramento Estudantes e o Povo na Revolução — O Serviço Cívico Estudantil (Celta Editores). É sua a expressão ‘ida ao povo’ (...) Cabia ao Ministério da Educação e Cultura a responsabilidade do Serviço Cívico, no qual se inscreveriam em 1975, na contabilidade de Luísa Tiago de Oliveira, 11 814 alunos. Os estudantes seriam colocados segundo a sua lista de preferências — e Fernando foi parar à sua segunda opção, a campanha de alfabetização. «A minha primeira escolha tinham sido as Brigadas Giacometti.»" (retirado da web http://citizengrave.blogspot.com/2012/12/a-ida-ao-povo.html).
Este é um documentário da jornalista Sofia Leite que descreve o Serviço Cívico Estudantil e o Plano Trabalho e Cultura. Um documentário muito valioso, um documentário muito valioso, onde algumas pessoas que participaram do projeto se encontram quarenta anos depois.
"Promovendo o reencontro, mais de 40 anos depois, de alguns dos brigadistas e dos moradores das aldeias que na altura os acolheram, e recorrendo a imagens de arquivo, algumas inéditas, a fotografias e gravações dos Estudantes, a testemunhos diretos dos participantes e dirigentes do Serviço Cívico e de habitantes das aldeias com quem conviveram, e ainda a depoimentos de investigadores, o documentário relembra os confrontos e as vivências que decorreram desta experiência, inovadora em Portugal, decorrida em pleno processo revolucionário".
Imagem: Paulo Alexandre
Edição vídeo: Sérgio Alexandre
Captação de Som: Miguel Cardoso, Henrique d´Assunção, Nuno Esteves
Assistente: Vítor Rodrigues, Écio Martins, José Fernandes
Pós-Produção Áudio: Rui Soares
Legendagem: Fernanda Porto
Arquivo: Ângela Camilo, Fátima Ribeiro
Apoio à Pesquisa: Inês Fonseca
Locução: Maria Alexandra Corvela
https://www.rtp.pt/play/p4622/
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Luísa Tiago de Oliveira |
(P.D.: Documentário da jornalista Sofia Leite que descreve o Serviço Cívico Estudantil e o Plano Trabalho e Cultura, impulsionado pelo etnomusicólogo Michel Giacometti https://www.rtp.pt/play/p4622/e415781/dos-livros-para-a-enxada).
Os livros da experiência e do processo de criação e organização do Museu do Trabalho podem ser baixados completos nesses links:
Jorge Freitas Branco e Luísa Tiago de Oliveira (1993). A Missão. Lisboa: Etnográfica Press. https://books.openedition.org/etnograficapress/918
Jorge Freitas Branco e Luísa Tiago de Oliveira (1994). A Colecção. Lisboa: Etnográfica Press. https://books.openedition.org/etnograficapress/975
Tiago de Oliveira, Luísa (2010). A história oral em Portugal. Sociologia, Problemas e Práticas, 63, 139-156. http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-65292010000200008
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