Avançar para o conteúdo principal

Projeto Nosso Bairro, Nossa Cidade, de Setúbal

Em Setúbal visitamos o posto de turismo, onde vimos esse diploma que chamou nossa atenção:


Decidimos inquirir mais sobre este programa. Embora não tenhamos tido tempo de aprofundar in situ, buscamos informações bibliográficas e outras referências para descobrir mais sobre esse projeto de participação.

Nosso Bairro, Nossa Cidade é uma iniciativa de participação em cinco bairros de Setúbal. Envolve residentes, serviços municipais e perto de trinta entidades sediadas no território, uma área que engloba os bairros da Bela Vista, da Alameda das Palmeiras, do Forte da Bela Vista, das Manteigadas e da Quinta de Santo António.

"Configurando-se como solução de parte do déficit habitacional da região e onde seriam alojados os grupos étnicos que não tinham habitações com as condições mínimas de sobrevivência. Porém, tal realojamento não levou em consideração seus usos e costumes. Diferentes grupos étnicos foram direcionados para este bairro, o que teve como consequência uma série de conflitos. Entre os principais problemas encontra-se a degradação dos espaços internos e externos do bairro, além das dificuldades de convívio, especialmente, com os ciganos. Tal comportamento teve por consequência muitas ocorrências com a PSP, o que tornou o bairro negativamente “famoso”"(Gomes Lemos, 2015, p. 117).

Em outras palavras, tratava-se de promover a participação em um bairro estigmatizado.

Conforme explicado no site da Cámara Municipal de Setúbal, "Entre este conjunto atividades constam ações de reabilitação urbana, com pinturas de edifícios e galerias, reparações de escadas e recuperação de espaços devolutos, através de materiais disponibilizados pela autarquia e de apoios mecenáticos para a execução das obras, estas, a cargo dos moradores.

As atividades dinamizadas no Nosso Bairro, Nossa Cidade englobam também as áreas da cultura, da ação social, da formação cívica e do desporto, com uma panóplia de iniciativas que fomentam o convívio e a partilha, assim como o contacto de proximidade entre moradores, entre os diferentes bairros e a própria cidade
".

Este é o Caderno IV Encontro Moradores, onde as ações que serão executadas ou que já estão sendo desenvolvidas são detalhadas. Algumas atividades são realizadas em colaboração com a Câmara Municipal, outras são realizadas pelos próprios moradores. Por exemplo, para as ações de reabilitação que exigem pintura, a Câmara Municipal dá a pintura e são os próprios moradores que pintam e reabilitam o bairro.

Não sabemos até que ponto esse processo é participativo, parece um processo de cogestão, supervisionado pela Câmara Municipal, embora seja interessante que o eixo seja a dinamização da convivialidade.


Referências bibliográficas

Cámara Municipal de Setúbal (2017). IV Encontro Nosso Bairro, Nossa Cidade. https://www.mun-setubal.pt/wp-content/uploads/2018/11/IV-Encontro-Moradores-NBNC-Caderno2017.pdf 

Gomes Lemos, Rosemar (2015). Capacitação docente interdisciplinar para cumprimento da Lei Brasileira 10.639 – Um avanço na educação universitária. Educação, Territórios e Desenvolvimento Humano: Atas do I Seminário Internacional, Vol. II–Comunicações Livres, p. 110-125.
https://bibliotecadigital.ipb.pt/bitstream/10198/12501/1/ATAS_VOL_II.pdf#page=110

Comentários

Mensagens populares deste blogue

O Serviço Cívico Estudantil e Michel Giacometti

Embora Michel Giacometti seja mais conhecido por seu trabalho "Povo que canta", o projeto que ele coordenou do serviço cívico estudantil foi uma fonte de inspiração para começar a trabalhar em 1995 em alguns projetos de pesquisa e dinamização da comunidade usando a ferramenta histórias orais . No auge da efervescência desencadeada pela Revolução dos Cravos (o Revolução de 25 de Abril), 124 adolescentes, de ambos os sexos, passam o Verão de 1975 dedicados a uma acção concertada de recolha de cultura popular, em resposta a um apelo de Michel Giacometti. Foram ministradas as noções básicas de trabalho de campo num curso intensivo de 8 dias, e depois, equipas de quatro estudantes pesquisaram 90 localidades em três meses, três localidades por equipa. "O Serviço Cívico Estudantil foi possibilitado através do Decreto-Lei N.º 270/75 de 30 de maio. O programa pretendia assegurar aos estudantes uma melhor “integração na sociedade portuguesa e um mais amplo contacto com os

"Povo que canta", Michel Giacometti

Há coisas em que concordamos e que nos parecem interessantes e que podemos aprender com o trabalho de Giacometti. Ele trabalha, por um lado, o aprimoramento dos saberes populares, das culturas populares, da cultura do trabalho, da cultura da diversidade de gênero, e também entra no tema da cultura da etnia, passando claramente por zonas e distinguindo as várias etnias... Não sabemos se ele leva em conta a idade em suas gravações. Na realidade, então, o que ele faz é abordar a complexidade a partir da matriz sociocultural, que é onde concordamos com ele, não apenas em seu trabalho etnomusical, mas também em sua concepção de transformação social a partir das culturas populares. Outra questão importante que Giacometti nos mostra é que precisamos entender as maneiras de trabalhar para entender a oralidade; os modos de trabalhar, de estar juntos, de celebrar... Se separarmos, por exemplo, o canto ou o conto do contexto social e natural em que ocorre, ela perde o sentido e se torna fo

Museu do Trabalho Michel Giacometti, Setúbal

Visitamos o Museu do Trabalho de Michel Giacometti nos dias que passamos em Setúbal e aproveitamos a oportunidade para nos encontrar com as pessoas que gerenciam o centro de documentação. Elas foram muito gentis e, depois de compartilhar conhecimento, revisar bibliografia e nos dar alguns contatos, doamos um livro nosso para manter no centro. Além disso, elas nos convidaram a participar do próximo encontro intercultural, embora devamos esperar que o equipe de gerenciamento decida sobre a agenda. Seria bom participar! Sobre o museu É curioso que um museu dessa importância não tenha uma boa web. Existe apenas a página do facebook e a referência ao museu no site da Direção Geral do Patrimonio Cultural , que isto diz: "A origem do Museu do Trabalho Michel Giacometti está na coleção etnográfica reunida em 1975 por alunos/as do Serviço Cívico Estudantil, no âmbito do plano de Trabalho e Cultura, sob a supervisão de Michel Giacometti e apresentada no então denominado Museu do