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A CIDADE. Poema de José Carlos Ary dos Santos en veu de José Afonso

A CIDADE Poema de José Carlos Ary dos Santos A cidade é um chão de palavras pisadas A palavra criança, a palavra segredo. A cidade é um céu de palavras paradas A palavra distância e a palavra medo. A cidade é um saco um pulmão que respira Pela palavra água, pela palavra brisa. A cidade é um poro, um corpo que transpira Pela palavra sangue, pela palavra ira. A cidade tem praças de palavras abertas Como estátuas mandadas apear. A cidade tem ruas de palavras desertas Como jardins mandados arrancar. A palavra sarcasmo é uma rosa rubra. A palavra silêncio é uma rosa chá. Não há céu de palavras que a cidade não cubra Não há rua de sons que a palavra não corra À procura da sombra duma luz que não há. Mais poemas de José Carlos Ary dos Santos: http://users.isr.ist.utl.pt/~cfb/VdS/ary.dos.santos.html José Afonso canta este belo poema em seu álbum "Contos velhos rumos novos". Pode ser ouvido aqui, neste vídeo:
Mensagens recentes

Artigo sobre histórias orais foi aceito

Trazemos boas notícias!!! Apesar de ainda estarmos confinados, estamos alegres: o artigo sobre histórias orais foi aceito. Concluímos este artigo graças à bibliografia encontrada na Universidade de Évora e no centro de documentação do Museu do Trabalho de Setúbal. Algums posts relacionados neste blog: Algumas notas sobre oralidade Museu do Trabalho Michel Giacometti de Setúbal Achados bibliográficos interessantes na Universidade de Évora Dois referências sobre oralidade de Jorge Freitas Branco   Pesquisando na estada en Évora: algumas descobertas Ainda não podemos publicar o artigo aqui, mas assim que for publicado, adicionaremos mais textos a este blog. Mas podemos deixar aqui a lista de referências bibliográficas, caso você as ache úteis: Cómo citar / citation Encina, Javier, Ezeiza, Ainhoa y Delgado de Frutos, Nahia. (2020). “Historias orales como herramienta para la convivencialidad”, Estudios de la Paz y el Conflicto, Revista Latinoamericana, Volumen X, Nú

Oralidade no Alentejo: fim da estada

O estado de alarme da covid19 nos forçou a encerrar a pesquisa muito antes do planejado. Em vez de terminar em 12 de junho, tivemos que retornar em 17 de março, com grandes dificuldades em atravessar a fronteira por Elvas-Badajoz para chegar a Sevilha, onde devemos permanecer confinados. Esperamos poder voltar mais tarde para aprofundar a oralidade e as culturas populares no Alentejo e e compará-las com Andaluzia e País Basco. Apreciamos os passeios, as visitas e as refeições, e o trabalho nas bibliotecas da Universidade de Évora e no Museu do Trabalho de Setúbal nos ajudou a enriquecer as referências bibliográficas de um artigo sobre histórias orais que concluiremos em breve. Continuaremos a reflectir e aprofundar sobre a oralidade e as culturas populares. Algumas das reflexões que trazemos desajeitadamente a este blog nos acompanharão na conferência de 10 de julho do curso de verão "Didática da oralidade e da criação cultural oral" na Universidade do País Basco. Gosta

Artur Pastor. Um Alentejo Distante (exposição)

Em Beja, visitamos a exposição de Artur Pastor no Centro Unesco . Conforme explicado no site do município: "Artur Pastor foi um dos grandes fotógrafos portugueses do século XX. Alentejano, nasceu em Alter do Chão em 1922, e aos 3 anos de idade foi viver para Évora tendo vindo, posteriormente, a frequentar a Escola de Regentes Agrícolas de Évora, onde concluiu o curso de regente agrícola em 1951. Tornou-se fotógrafo do Ministério da Agricultura e criador do Arquivo Fotográfico desta instituição, para o qual trabalhou toda a vida. É indiscutível a qualidade do corpo de imagens que Artur Pastor produziu ao longo da sua vida. Retratou Portugal de lés-a-lés com um rigor de arquivista e um dom de poeta da imagem. Do Alentejo são muitos os seus trabalhos e nesta exposição estarão em exibição 70 imagens organizadas em dois núcleos: um primeiro dedicado a ilustrar as capturas que Pastor efectuou dentro do perímetro urbano de Beja e um segundo núcleo dedicado ao imenso campo alentejan

A vida nas tasquinhas

Restaurante Rato Bicho (Évora). Fonte: Gmaps Diz Joaquim Pais de Brito (1919) que "a taberna/mercearia da aldeia tem sido muito irregularmente e, com frequência, acidental ou indirectamente tratada pela literatura antropológica". "É indissociável a frequentação da taberna/mercearia da própria familiaridade de trato com o seu dono, da sua simpatia e do seu posicionamento no âmago das relações sociais de que todos os vizinhos (de ambas as aldeias) participam, assim como do seu papel de intermediário com o espaço regional mais amplo em que a aldeia se insere (...) Mas para além desse traço de homologia que resulta da sua inserção local partilhando memórias comuns, o dono da taberna exercita uma permanente postura de neutralidade face a todos os outros que são seus clientes, mantenha ou não com eles, a título particular, relações de amizade, simpatia, antipatia ou distância. É desta relação entre taberneiro-vendedor e cliente-comprador que lhe advêm saberes

Rumando pelo património de Mértola

Fomos a Mértola para conhecer mais sobre a idéia de núcleos de museus, encontrar com pessoas da Associação de Defesa do Património de Mértola (ADPM) que havia realizado um projeto de pesquisa Rumando pelo Património de Mértola à Descoberta do Passado , e para estar com gente da vila. É assím que Alice Duarte explica (2012, p. 135): "O Município de Mértola, situado no interior sul de Portugal, tem uma área de quase 1300 Km2 e uma população de apenas 8500 habitantes, dos quais 1500 residem na Vila de Mértola. Aquando da revolução de 1974, o Município como um todo era a ilustração flagrante de uma tendência continuada de despovoamento, grande empobrecimento das populações e sua completa falta de expectativas. Em 1978, o novo poder político local [Aliança Povo Unido-APU, coligação formada naquela época pelo Partido Comunista Português e pelo Movimento Democrático Português/Comissão Democrática Eleitoral] assume-se como o promotor de um projeto estratégico que elege o “patrimó

Cante Alentejano e oralidade

E o que era popular torna-se fino e erudito, quando o letrado da cidade pega em algo de muita idade há muito tocado mas não escrito. fng em youtube O Cante Alentejano – o canto das Modas – é um património e uma expressão genuína da tradição vocal, das memórias do tempo e do quotidiano do amor e do trabalho. Cante Alentejano na Adega Velha, Mourao ( Fonte: youtube ) Jorge Mangorrinha (2014) diz que "admite-se que as origens do Cante Alentejano provenham do teatro tradicional e dos cantos de trabalho e de baile, que ao longo do século XX foram perdendo coreografia e instrumentos. Há quem defenda que a génese do Cante Alentejano está na prática coralista gregoriana ou que é um legado cultural da presença árabe em Portugal e do cante mourisco. Este canto colectivo e polifónico é repetitivo, pausado, monótono, em que alternam um ponto a sós e um coro, havendo um alto preenchendo as pausas e rematando as estrofes; começa invariavelmente com um ponto, dando a deixa e cedendo o